sábado, 15 de setembro de 2012

Mar de Aral


O Mar de Aral corresponde a um imenso lago constituído de água salgada que era alimentado por dois rios principais, (Sirdaria e Amudaria) se encontra no centro do continente asiático e é considerado um mar interior que estabelece uma fronteira natural entre o Cazaquistão (norte) e o Uzbequistão (sul). Até 1960 ocupava uma área de 68 mil quilômetros quadrados, extensão essa que o colocava como o quarto maior lago do mundo.  

Mar de Aral antes da catástrofe

Este mar é testemunho de uma grande catástrofe ambiental, em menos de trinta anos perdeu tamanho de forma considerável causado pela ação antrópica, mais especificamente pelo desvio de parte de suas águas que foram destinadas à irrigação.


O ponto de partida para a destruição do Mar de Aral ocorreu a partir da implantação do governo da ex-União Soviética, do cultivo de extensas áreas de algodão, com aplicação de agrotóxico e substâncias para desfolhar as plantas. 

O uso desenfreado de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, inseticidas entre outros) promoveu um elevado volume de mortalidade infantil proveniente de doenças que foram passadas de forma hereditária, sem contar a perda de vidas selvagens, como peixes e outros animais.


Durante os últimos 5-10 anos a secagem do Mar de Aral trouxe alterações evidentes nas condições climáticas. O efeito do aquecimento da água do mar no Inverno e o seu arrefecimento no Verão diminuiu dramaticamente. O Mar de Aral é um lago de deserto, abrangido por um clima continental forte, com uma variação de temperatura de 40 graus centígrados no Verão para 30 graus negativos no Inverno.



No passado, o Mar de Aral era considerado como um regulador, mitigando os ventos frios que vinham da Sibéria no Inverno e evitando que as temperaturas de Verão subissem demasiado. Notava-se uma evaporação elevada (da ordem de 1700 mm por ano). A evaporação era também a razão do bom clima ao redor de Aral antes da secagem do lago, e, apesar do alto nível de evaporação, era mantido o equilíbrio da água devido aos grandes caudais fornecidos pelos dois rios. 

As alterações climáticas deram origem a verões mais curtos e mais secos e invernos mais longos e mais frios na região. As temperaturas do ar no Inverno desciam e as temperaturas de Verão subiam 2 a 3 graus centígrados, incluindo observações de 49 graus C. Esta mudança para um clima mais continental, com verões mais curtos e mais quentes e invernos mais frios e mais compridos, ocasionava pouca precipitação para a colheita seguinte. 
A precipitação foi reduzida várias vezes nas margens do Mar de Aral. A magnitude média da precipitação é de 150-200 mm com uma considerável não uniformidade, de acordo com as estações. A estação mais prolongada baixou também para 170 dias, perdendo os 200 dias livres de geadas necessárias para as colheitas do algodão. A ocorrência frequente de longas tempestades de poeiras e de ventos rasteiros são traços característicos desta região. As mais intensas ocorrem na costa oeste com, talvez, 50 tempestades por ano.
 Atualmente, o Mar de Aral conta com aproximadamente metade de seu volume original, ao passo que o percentual de salinidade obteve uma grande elevação em seus níveis, reduzindo de forma significativa à quantidade de vida silvestre (fauna e flora). As 178 espécies de animais diminuíram drasticamente para 38, além disso, a atividade pesqueira que produzia cerca de 25.000 toneladas anuais atualmente não existe mais, por causa da grande intensidade de sal que não favorece o povoamento de peixes. 

Mar de Aral em 2009

O futuro do Mar de Aral é, portanto, incerto. A única coisa certa é que o lago é agora uma catástrofe ambiental à medida que o nível de água declina e o ecossistema se degrada, provocando um ambiente de deterioração e condições de vida e de saúde precárias para os povos que vivem nas margens do lago. É agora impossível prever, com algum rigor, o futuro para o Aral, mas se não se encontrarem soluções apropriadas o nível da água continuará a declinar. Seja qual for o futuro, esta situação de certeza que abriu os olhos aos governos do mundo. É um forte aviso à comunidade internacional e ilustra a rapidez – em menos de 20 anos – como uma tragédia humanitária e ambiental pode ameaçar toda uma região e a sua população. A destruição do Mar de Aral é um exemplo clássico de desenvolvimento não sustentado.




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