A Tentativa do salto:
Fortes ventos e mau tempo impediram a aventura do austríaco Felix Baumgartner, 43, que tentou nesta terça-feira (09/10) tornar-se o primeiro homem a quebrar a barreira do som sem a ajuda de um veículo motorizado. Ele faria um salto de paraquedas a partir de uma cápsula localizada 36 mil metros acima do nível do mar, já na estratosfera.
Durante o experimento, Baumgartner deve saltar do interior de uma cápsula levada a exatos 36.500 metros de altitude por meio de um balão de hélio com tamanho igual ao de um prédio de 55 andares.
A previsão era de que o balão seria lançado a partir de uma base no Estado americano do Novo México no início da tarde (no horário do Brasil), mas técnicos já haviam alertado que ventos fortes poderiam atrapalhar a missão.
A subida deve levar cerca de duas horas e meia, e o salto deve durar dez minutos.
Técnicos estimam que ele atingirá a velocidade de até 1.110 km/h cerca de 40 segundos após o início da queda livre e que a abertura do paraquedas se dará a cerca de 1.500 metros do solo.
O aventureiro já fez dois saltos de teste usando o mesmo equipamento, um a 21.800 metros e outro a 29.600 metros.
Para se ter uma ideia da altura, um avião transatlântico voa a 14 mil metros de altitude e o pico do Everest tem 8.848 metros de altitude.
A queda livre a partir dessa camada da atmosfera é a mais alta, mais rápida e mais longa, e muitos já morreram ao tentar quebrar essa marca.
"Se algo der errado, a única coisa que pode te ajudar é Deus. Porque se você tiver azar, se você não tiver habilidade, não há nada a fazer e você tem que realmente esperar que ele não te abandone", diz Baumgartner.
Até o momento, Joe Kittinger, coronel da Força Aérea americana aposentado, detém a marca mais próxima, tendo saltado, em agosto de 1960, a partir de um balão de hélio a 31.300 metros de altitude, 5,2 quilômetros abaixo do ponto do qual o austríaco saltou.
Com mais de 80 anos, Kittinger integra a equipe de Baumgartner e será a única voz que o aventureiro ouvirá durante a subida de duas horas e meia e a descida, de dez minutos.
Razões para o salto:
Além do trabalho de engenharia de alta precisão empregado na construção do balão e da cápsula, a equipe que preparou a missão criou uma roupa de astronauta especial para o lançamento, usando tecnologia mais avançada do que a empregada pelos astronautas da Nasa. A tecnologia GORE-TEX, presente em sua vestimenta, irá ajudá-lo a manter a temperatura corporal, pois lá em cima é muito frio, chegando a graus negativos.Desenvolvida após décadas de pesquisas, a partir de 1978 a membrana GORE-TEX revolucionou as atividades em condições adversas, permitindo que os aventureiros modernos possam ultrapassar limites antes considerados impossíveis.
De forma simplificada, cada centímetro quadrado dela contém 3,6 milhões de microporos, sendo que cada um deles é 20 mil vezes menor que uma gotícula de água e 700 vezes maior que uma molécula de vapor. Ou seja, a membrana possui incrível capacidade de repelir a água (inclusive da chuva), mas permite que o vapor da transpiração saia com facilidade da vestimenta do atleta. De acordo com os pesquisadores envolvidos na missão Red Bull Stratos, o salto da estratosfera representa um avanço como técnica de evacuação de emergência. Esse conhecimento é útil para astronautas que por algum motivo emergencial tenham de abandonar suas naves espaciais.
A Nasa e seus fabricantes de materiais espaciais pediram para serem informados de todos os aspectos técnicos da missão.
Há poucos exemplos de pilotos que se ejetaram em voos supersônicos quando seus aviões se estilhaçaram em pedaços no céu, mas há poucos detalhes sobre o que ocorre com o corpo humano quando atinge velocidade supersônica e, conforme desacelera, volta a velocidades abaixo do som.
O corpo do austríaco foi paramentado com uma série de medidores e instrumentos justamente para coletar esses dados inéditos.
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