Inuyasha e o Japão Feudal

            Inuyasha não é um simples desenho animado, esse anime foi uma das maiores febres da televisão. Adolescentes, crianças e adultos gastavam horas acompanhando este desenho e as pobres e inocentes crianças – como nós do Information Kingdom que na época devíamos ter 6 anos – nem suspeitavam o tanto de assuntos sérios que estavam escondidos dentro do enredo.

            O anime conta com 165 episódios distribuídos em 5 temporadas  e 4 filmes. Certo, agora que já os matamos de susto, vamos acalmá-los, não estamos falando para vocês verem todos os episódios, vejam alguns, talvez só a primeira temporada e já conseguirão dialogar sobre o Japão Feudal como um verdadeiro especialista no assunto.

            O enredo é bem interessante. Kagome Higurashi era uma adolescente normal do século XXI que um dia após voltar do colégio é puxada para dentro do poço que fica no quintal da sua casa – sim ela tem um poço no quintal da casa dela – e volta 500 anos indo parar no Japão Feudal. Lá após ser atacada por um youkai (um demônio da mitologia japonesa) a jóia mais preciosa e poderosa sai de seu corpo, onde havia sido escondida, e para se proteger Kagome liberta Inuyasha que estava selado em uma árvore. No processo para recuperar a jóia, ela acaba se partindo em milhares de pedaços e a dupla acaba tendo que viajar junto para recuperar a jóia. O motivo da parceria é que Kagome é a única que consegue localizar os fragmentos e se sente culpado por ter partido a jóia, e Inuyasha almeja a jóia para usá-la para virar um Youkai completo e deixar de ser apenas um hanyou (meio youkai). No início, os dois brigavam muito, mas com o decorrer da trama acabam se apaixonando. Outros personagens entram para o grupo como o monge tarado Miroku, a exterminadora de youkais Sango e o filhote de youkai raposa Shipoo.

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            Inuyasha conta mais do que aparenta. No Japão Feudal a religião original era politeísta e animista, ou seja, havia vários seres superiores para as forças da natureza e depois também (conhecido como youkais). Enquanto na Europa o cristianismo mandava, nesse pais asiático a coisa era diferença. Havia o medo dos youkais e do que eles poderiam fazer aos humanos e os monges não juravam castidade ou coisa do  gênero. Podemos observar isso no monge Miroku que era um verdadeiro tarado que passava a mão em todas as garotas que via e perguntava se elas queriam ter um filho dele, tudo bem ele dava um ar engraçado ao desenho, mas também deixava claro a diferença com a igreja católica.

            Outra forte crença entre os japoneses era a imortalidade da alma, mas diferente dos cristãos que acreditam que todos voltarão à terra depois do juízo final, os asiáticos acreditavam na reencarnaçã, ou seja, que o espírito retorna em outro corpo sem ter as memórias da vida passada, como se fosse a primeira vez que vinha a terra. A protagonista da série ilustra bem essa parte, sendo ela a reencarnação da grande sacerdotisa Kikyou, a alma da sacerdotisa renasceu depois de 550 anos.

            A importância religiosa é demonstrada mais fortemente nas sacerdotisas, pois elas estão entre os poucos humanos que conseguem realmente lutar contra os youkais e têm chances de ganhar. Com flechas, elas conseguem purificar youkais e destruilos, sendo que a Kagome por ser a reencarnação da sacerdotisa Kikyou consegue purificar os fragmentos da jóia de quatro almas que foram corrompidos. A protagonista ainda tem um coração puro, fato que acentua as típicas características heróicas da mocinha das histórias.

            Os samurais são representados pelos exterminadores de youkais e os guerreiros, como Inuyasha que tem uma espada (espada, samurais... só eu entendi?), mas que a super espada dele só fica forte quando ele a usa para defender humanos. Conclusão, ele não pode usá-la por motivos egoístas, tem que ser motivos justos o que volta a ideologia do samurai.

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            Deixei o melhor para o final vou falar agora de um dos personagens mais bem elaboradas da série – e que tem milhares de fãs do sexo feminino – Sesshoumaru. Meio-irmão mais velho de Inuyasha e é um Youkai completo. Para começar, este personagem nunca se deu bem com Inuyasha, primeiro por considerá-lo inferior e depois a inimizade cresce quando o meio-youkai ganha de herança com a morte do pai a espada mais poderosa. Sesshoumaru era o mais velho, não o filho caçula e bastardo, em sua cabeça e no pensamento da época era direito do mais velho herdar tudo. Ao mesmo tempo, Sesshoumaru, que é um Lord Youkai dono das terras do Oeste, representa todos os idéias do feudalismo e ao mesmo tempo eles são lentamente quebrados com a chegada da humana Rin.

            Rin é uma garotinha humana órfã que cuida de Sesshoumaru depois de uma luta dele contra Inuyasha. Depois ela é atacada e morta por lobos, Sesshoumaru a encontra e a revive com sua espada. No início, ela passa a seguir o youkai e com o decorrer da série ele vai se importando cada vez mais com a garotinha. Chegando a certo momento a quase morrer para salvá-lo – para um personagem que odiava e matava humanos por achá-los inferior, isso é um baita de um progresso – e no fim depois de muitos anos após o fim da história os dois acabam ficando juntos. Isso simbolizaria quando o feudalismo começa a terminar,  o sangue youkai do mais nobre se misturando ao humano o que geraria o fim dos Youkais. A aceitação do outro, uma analogia interessante.

            Para terminar o post vou fazer o que mais gosto, deixar um vídeo que mostre algumas cenas do anime. A verdade é que eu fiquei em dúvida entre dois vídeos, um mostra o encerramento com a música Beijo Gostoso (uma das melhores) e o outro mostra algumas das cenas do casal principal. Ambos são legais e quem já viu ao menos um pouco do anime vai adorar, quem nunca assistiu, quem sabe não se anima para ver.

Encerramento Beijo Gostoso:

http://www.youtube.com/watch?v=OydXLFeI1JA

Cenas mais bonitas do casal protagonista:

http://www.youtube.com/watch?v=Gc3tWg4iMGE