Mais de cem diferentes métodos de tortura, usados nos “anos de chumbo”, foram identificados por registros deixados pelos militares. Eles usavam a agressão como um meio de retirar informações -principalmente- de pessoas envolvidas na luta armada. "Os relatos indicam que os suplícios eram duradouros. Prolongavam-se por horas, eram praticados por diversas pessoas e se repetiam por dias," afirma a juíza Kenarik Boujikain Felippe, da Associação Juízes para a Democracia, em São Paulo.
Foram mais de 200 mortos e 100 desaparecidos durante a ditadura militar, porem nenhum dos acusados de torturar presos foram punidos, pois o congresso assinou a Lei da Anistia, que determinou que todos os envolvidos em crimes políticos -incluindo os torturadores- fossem perdoados pela justiça.
O "Mundo Estranho" divulgou como funcionavam algumas dessas agressões. Confira:
Arquitetura da dor
Torturadores abusavam de choques, porradas e drogas para conseguir
informações
Cadeira do dragão
Nessa espécie de cadeira elétrica, os presos sentavam pelados numa
cadeira revestida de zinco ligada a terminais elétricos. Quando o aparelho era
ligado na eletricidade, o zinco transmitia choques a todo o corpo. Muitas
vezes, os torturadores enfiavam na cabeça da vítima um balde de metal, onde
também eram aplicados choques
Pau-de-arara
É uma das mais antigas formas de tortura usadas no Brasil - já existia
nos tempos da escravidão. Com uma barra de ferro atravessada entre os punhos e
os joelhos, o preso ficava pelado, amarrado e pendurado a cerca de 20
centímetros do chão. Nessa posição que causa dores atrozes no corpo, o preso
sofria com choques, pancadas e queimaduras com cigarros
Choques elétricos
As máquinas usadas nessa tortura eram chamadas de "pimentinha"
ou "maricota". Elas geravam choques que aumentavam quando a manivela
era girada rapidamente pelo torturador. A descarga elétrica causava queimaduras
e convulsões - muitas vezes, seu efeito fazia o preso morder violentamente a
própria língua
Espancamentos
Vários tipos de agressões físicas eram combinados às outras formas de
tortura. Um dos mais cruéis era o popular "telefone". Com as duas
mãos em forma de concha, o torturador dava tapas ao mesmo tempo contra os dois
ouvidos do preso. A técnica era tão brutal que podia romper os tímpanos do
acusado e provocar surdez permanente
Soro da verdade
O tal soro é o pentotal sódico, uma droga injetável que provoca na
vítima um estado de sonolência e reduz as barreiras inibitórias. Sob seu
efeito, a pessoa poderia falar coisas que normalmente não contaria - daí o nome
"soro da verdade" e seu uso na busca de informações dos presos. Mas
seu efeito é pouco confiável e a droga pode até matar
Afogamentos
Os torturadores fechavam as narinas do preso e colocavam uma mangueira ou
um tubo de borracha dentro da boca do acusado para obrigá-lo a engolir água.
Outro método era mergulhar a cabeça do torturado num balde, tanque ou tambor
cheio de água, forçando sua nuca para baixo até o limite do afogamento
Geladeira
Os presos ficavam pelados numa cela baixa e pequena, que os impedia de
ficar de pé. Depois, os torturadores alternavam um sistema de refrigeração
superfrio e um sistema de aquecimento que produzia calor insuportável, enquanto
alto-falantes emitiam sons irritantes. Os presos ficavam na
"geladeira" por vários dias, sem água ou comida.
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