Elas lutam contra uma crença falha e preconceituosa, perpetuada dia
após dia, por seres humanos que se julgam machos, superiores, quando na verdade
não passam de lixo, agindo sempre como bichos irracionais.
A Marcha
das vadias é um movimento que surgiu em Toronto no Canadá, no dia 3 de abril de
2011 e desde então foi realizada em diversas partes do mundo, inclusive mais
tarde no Brasil. A Marcha das vadias contesta contra a idéia machista de que as
mulheres que foram estupradas pediram por isso graças as suas vestes. Durante a
marcha as mulheres não precisam usar suas roupas cotidianas, elas usam salto
alto, roupas curtas, decotadas, transparentes e insinuantes. No Brasil as
mulheres ainda usaram as polemicas pulseiras pretas do sexo que foram usadas
como desculpa para muitos abusos.
O evento no
Brasil aconteceu em São Paulo graças a um evento criado no Facebook, a primeira
marcha foi na Rua Augusta. Um local de prostituição onde muitas mulheres que
por algum infortúnio tem que passar por ali sofrem preconceito.
As vadias
marcham totalmente à flor da pele, estão seminuas e nem por isso murcham. Elas
vestem minúsculos pedaços de pano e logo percebo: essas vadias com certeza têm
um plano e estão cobertas apenas com o véu da razão, estando elas nuas, ou não.
Elas estão
por toda parte e hoje vencem enquanto pisam juntas e de salto alto sapateiam
sobre as ruas esburacadas da censura decadente e com isso, esmagam milhões de
testículos violentos. As vadias trajam total transparência e por trás daqueles
tecidos quase invisíveis, é possível ver muito mais do que mamilos pontiagudos
como facas – há uma exigência lógica e proibida de ser rejeitada por qualquer
um de nós: elas ordenam respeito e tem que ser agora!
As vadias,
antes de serem vadias, são mulheres e precisam de muito peito para sê-las. As
vadias também são as mães, amigas, esposas, irmãs e mais do que isso, elas são
o grito estridente que clama pelo cumprimento do direito inviolável que todas
as mulheres possuem: querem desfilar sozinhas pelas esquinas da vida, vestidas
com milimétricos vestidos e nem por isso, serem confundidas com um convite
falso para a invasão egoísta, repugnante e eternamente traumática, chamada
estupro.
As vadias
não são bonecas infláveis, pois só farão sexo com quem, quando, onde e se assim
quiserem. As vadias não são sacos de pancada e só poderão levar tapas se isso
realmente der-lhes prazer e se esse tesão for algo consentido e desejado por
elas. As vadias não nasceram condenadas a serem donas de casa, ao contrário do
que os ignorantes pensam, mas serão as melhores se assim quiserem, pois antes
de tudo, elas são donas de uma liberdade que ninguém lhes tira: o direito
inquestionável de dizer sim ou não.
Um dia esse
mesmo garoto que julga e chama de vadia vai se apaixonar de verdade, e pode ser
por uma dessas vadias. Eles podem ir parar no altar – porque essa história de
que só a mulher que usa calça jeans, é dona de casa, muda, surda e não usa
decote é quem se casa já está ultrapassada – e se ele quiser ter uma boa vida
matrimonial ele deverá antes de tudo a tratar com o respeito que ela merece, a
deixar decidir suas próprias roupas e apoiá-la. Porque se ele se casou com ela,
foi pro ela que ele se apaixonou.
O mundo da
voltas, milhares delas para falar a verdade. As mulheres que estão lutando
pelos seus direitos não estão lutando para abrir as pernas e exibir a sua
intimidade como alguns dizem. Elas lutam pelos mesmos direitos dos homens, o
direito de serem livres. O direito de poderem usar a roupa que quiserem e os
homens pararem de achar que isso é um pretexto para o estupro. Para que quando
uma mulher for estuprada o primeiro pensamento da sociedade, dos jornais, da
mídia e dos homens em geral não seja: “ela devia estar provocando com roupas
curtas...”. Um protesto contra a hipocrisia machista.
Fonte: http://www.casalsemvergonha.com.br/2012/05/28/o-que-podemos-aprender-com-a-marcha-das-vadias/
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